Turismo e exploração de animais

Hoje, dia 5 de junho é comemorado o dia mundial do meio ambiente e semana passada me deparei com a seguinte matéria: Elefantes passam fome na Tailândia durante a pandemia do novo coronavírus. Respeitar e ajudar a cuidar do meio ambiente é muito mais do que não jogar lixo no chão.

Temos que ser responsáveis e críticos em tudo que é relativo ao planeta em que vivemos. Enquanto turistas e viajantes temos que repensar algumas atitudes e refletir sobre o que é sustentável no turismo e o que não é.

Aliás, o que a pandemia de Covid19 pode nos ensinar ou nos fazer refletir sobre nosso papel enquanto turistas ou viajantes responsáveis que cumprem seu papel na sustentabilidade?

Não é novidade que muitas atrações turísticas que envolvem interações com animais são um tanto polêmicas. Nadar com golfinhos, andar em elefantes, assistir show de baleias confinadas são apenas alguns dos exemplos de como os animais são explorados para atrair turistas.

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Macaco servindo de atração na India – imagem: Pixabay

Eu sou bem pé atrás com esse tipo de atrativo. Quando visitei Buenos Aires não cogitei incluir na minha lista o zoo de Lujan, famoso por permitir que os visitantes posem ao lado de leões e tigres. Li vários relatos negativos em blogs, que não me animaram em nada a visitar o local. Por mais “domesticado” que um leão seja, ele não está no seu estado natural. Quem garante que eles não estão dopados? Quem garante que não são maltratados?

Em Cartagena visitei um oceanário na Islas del Rosario e não curti muito o passeio. Qual o sentido de confinar animais marinhos em uma ilha? O ponto alto da atração era o momento do show com os golfinhos, onde no final algumas crianças desciam até o tanque, sob supervisão do treinador, para interagir e tirar fotos.

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Menina e golfinho no oceanário da Islas del Rosário – imagem acervo pessoal

Eu entendo a importância de zoológicos e que muitos animais que estão ali foram resgatados em situações precárias como estando em cativeiro e muitas vezes sofreram maus tratos. Mas até quando a interação direta desses animais com seres humanos é saudável e ética? Ninguém interagiria com um animal em seu estado selvagem e em seu habitat natural. Para que haja interação com esses animais, sua condição natural foi alterada. Golfinhos, leões, elefantes, tigres…ninguém posaria  ao lado deles para tirar fotos caso se deparasse com eles no meio da selva.

Os animais utilizados como atrações turísticas geralmente são dopados ou sofrem maus tratos para estarem dóceis e aptos para interagirem com os seres humanos.

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Elefantes usados para passeios na Tailâdia – imagem Pixabay

A meu ver o ser humano por vaidade e como forma de mostrar poder, usa dessas demonstrações exibicionistas que prejudicam os animais e muitas vezes não param para pensar as consequências de lugares assim existirem. Há outras formas de se aproximar de animais selvagens que não sejam em lugares que alteram seu estado natural.

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Um monge e um tigre em cativeiro na Tailândia – Imagem Pixabay

Opte sempre por um turismo responsável. Existem tours e passeios que permitem ver esses animais livres na natureza, geralmente dentro de espaços protegidos por lei, que são criados especialmente para proteger a biodiversidade local.

Aqui vão algumas opções:

– passeios de barco – geralmente um passeio marítimo permite observar muito da fauna marinha como tartarugas, golfinhos, botos e peixes. Aqui no Rio tive a oportunidade de avistar esses animais em passeios na Ilha Grande, Arraial do Cabo e até mesmo na Baía de Guanabara.

– trilhas em parques naturais – é possível observar  micos, macacos, tucanos, lagartos e outros animais endêmicos e exóticos. Trilha do Morro Dois Irmãos, Parque Nacional da Tijuca, trilha pro Morro da Urca.

– mergulho – em passeios de barco é possível mergulhar em meio a peixes multicoloridos, geralmente as embarcações alugam snorckel para que o turista tenha a experiência de visualizar toda a fauna marinha do local.

– existe também a opção de fazer trabalhos voluntários em parques , reservas e ONGs. Além de estar ajudando na preservação do meio ambiente, você vai poder ver de perto muitos animais. No Brasil temos projeto Tamar, que cuida das tartarugas marinhas; o SOS Mata Atlântica; ONGs de preservação no Pantanal e Amazônia. No exterior, ONGs na Costa Rica que cuidam de tartarugas na praia; ONGs na Ásia que cuidam da preservação de elefantes e outros animais.

Caso ainda não esteja convencidx seguem alguns documentários que contam histórias tristes e cruéis de como esses animais são separados das mães ainda filhotes, para serem treinados para shows e interação com humanos:

A enseada (The Cove) – é um documentário norte-americano lançado no ano de 2009. O filme analisa e questiona a prática de caça aos golfinhos no Japão.

– Blackfish – O documentário centra-se no cativeiro da orca Tilikum, que foi responsável pela morte de três pessoas, e nas consequências de manter tais animais grandes e inteligentes em cativeiro.

Gardeners of Eden – O filme tem como foco a crise da caça e do tráfico de partes de animais na África, documentando um berçário no Parque Nacional Tsavo no Quênia, onde se hospedam bebês elefantes cujos pais foram mortos

Blood LionsO filme traz importantes denúncias acerca da exploração comercial de leões e outros animais nas savanas sul-africanas, normalmente associadas a um suposto ecoturismo e a esforços de conservação dessas espécies.

An Elephant Never Forgetspercorre o mesmo caminho que milhares de turistas britânicos fazem todos os anos quando visitam atrações que envolvem elefantes na Tailândia. Joe Keogh, um ator comediante de Manchester, oferece um grande insight sobre as condições de vida e de escravidão dos muitos elefantes usados e abusados na indústria de turismo.

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